Avenida Milton Santos Ruas e avenidas costumam ser trilhas por onde o mundo de uma cidade flui. Nada mais justo que seu nome seja uma homenagem aos que pensaram a cidade, seus fluxos, seu povo e sua história. Com este sentimento, recebemos exultantes a sanção do Projeto de Lei da Avenida Milton Santos, no dia 22/02/2022, de autoria do vereador Augusto Vasconcelos, honrando a memória de um dos maiores intelectuais brasileiros de todos os tempos. Desde então, a avenida que atravessa o Campus de Ondina da Universidade Federal da Bahia, onde Milton Santos foi professor, passou a ter seu nome.
Advogado de formação, Milton Santos se doutorou em Geografia em Estrasburgo, na França. De volta ao Brasil, fundou o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais. Ainda no começo de sua vida profissional, Santos se debruçou sobre os problemas do espaço urbano, dando valiosa contribuição para compreensão das cidades, em especial a cidade de Salvador, com importantes pesquisas publicadas no Brasil e no exterior. Perseguido após o golpe de 1964, Santos foi preso por subversão, e logo depois se exilou na França, tornando-se professor de algumas universidades do país - Toulouse, Bordeaux, Sorbonne -, além de outras nas Américas e na África, como MIT, Toronto, Columbia, Stanford, USP e Dar es Salaam. Em Dar es Salaam se deixou influenciar por grandes pensadores do pós-colonialismo, incorporando ao seu pensamento perspectivas do socialismo africano, baseado no coletivismo, no humanismo e na sociabilidade. Influência que desponta com força em seus escritos mais tardios, quando se propôs a interpretar os desafios da descolonização e do neocolonialismo.
Milton Santos também foi um dos grandes expoentes da renovação da Geografia no final da década de 1970. Seu livro Por uma geografia nova contribuiu de forma definitiva para as bases da renovação crítica metodológica e epistemológica da disciplina. A partir de então, aprofundou ainda mais seus estudos epistêmicos em livros como O espaço do cidadão, A natureza do espaço, Espaço e método, Metamorfose do espaço habitado, na mesma medida em que avançava em sua análise para a compreensão do Brasil e do mundo em desenvolvimento ante os processos de globalização cada vez mais radicais e que têm ampliado, sobretudo, as desigualdades de forma jamais vista na história. Em 1994 foi agraciado com o Prêmio Internacional Vautrin Lud, considerado o “Nobel” da Geografia.
Toda obra de Milton Santos está alicerçada em seu pensamento humanístico, político e solidário. Crítico do fenômeno da globalização, Santos nos convidou a construir uma outra globalização como projeto humanitário a se contrapor às normas hegemônicas e predatórias das grandes corporações e dos estados nacionais. Assim, ele anteviu a possibilidade de um mundo mais humano.
Muitas vezes nomeado de “cidadão do mundo”, Milton Santos era sobretudo “cidadão da Bahia”. Dessa maneira o Poder Público, a partir da forte mobilização da sociedade civil, deu um importante passo para preservação da memória de um dos nossos mais ilustres cidadãos.
O Comitê Gestor do Programa de Bolsas Milton Santos/UFBA saúda essa iniciativa em momento tão especial: o da cerimônia de entrega da Avenida Milton Santos aos soteropolitanos e à Salvador, neste 08 de abril de 2022.
Atenciosamente,
Secretaria do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - PIBIC
Coordenação de Iniciação à Pesquisa, Criação e Inovação
Pró-Reitoria de Pesquisa, Criação e Inovação – PROPCI
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Fonte da foto: acervo da Prograd.